O atual Projeto Educacional de Biodesign é uma parceria de conhecimentos entre artesãs e artesãos e a coordenadora de criação, que também é designer. Atualmente, há um grupo de artesãos, homens, mulheres e jovens, capacitados na fiação da linha do tucum, no beneficiamento de sementes e montagem de peças (artigos religiosos, biojóias, acessórios como bolsas, cintos, entre outros) com aplicação de diferentes técnicas: macramê, trançado com sementes, crochê e tricô. Conta-se também com sábios mateiros, conhecedores das espécies botânicas de múltiplos usos: artesanato, medicina e culinária. É importante ressaltar que o funcionamento da Oficina-Escola, onde são produzidas as biojóias, incentiva a continuidade dos saberes tradicionais dos comunitários mais antigos e que estes sejam passados para os mais novos.
No início dos anos 2000, as capacitações feitas pela Mestre Artesã amazonense Arlete Maciel, que ensinou a identificar as sementes para o artesanato, seu beneficiamento e tingimentos naturais, foram de fundamental embasamento para os artesãos. O projeto “Linha do Tucum, Artesanato Amazônico”, contemplado pelo edital Petrobras Cultural em 2007, resgatou o conhecimento de fiação da linha do Tucum, que estava em extinção.
As peças desenvolvidas na oficina apresentam processos extremamente refinados que precisam ser ressignificados como joalheria e não um mero artesanato. A feitura da Linha do Tucum é um processo milenar, herdado das culturas indígenas da região. Todo o processo de fiação da linha, desde a coleta na mata até a linha finalizada, é uma técnica que envolve prática e paciência. Levando mais de uma semana para ficar pronta. As sementes de açaí passam por um processo de diminuição que consome várias horas e que resulta em contas delicadas proporcionando um artesanato diferenciado. A técnica de tingimento em degradê com o Pignol (resíduo do preparo do sacramento Santo Daime) é uma inovação técnica que só existe nesta oficina.
Pesquisas são incentivadas e desenvolvidas. Atualmente acontece uma parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro que auxilia na identificação científica das plantas tingidoras. Atualmente busca-se o apoio para realizar um estudo aprofundado com a fibra do tucum para objetivos têxteis.
Essas características do artesanato dos Estorrões trazem para a comunidade e o município, uma valorização cultural da região. O projeto representa melhora na economia local, na qualidade de vida, cuidado e preservação ambiental, na valorização dos saberes e fazeres da comunidade; buscando inovação, educação e fortalecimento da autoestima dos envolvidos. Um exemplo que pode ser replicado em outras comunidades.
A Oficina-Escola de Artesanato Linha do Tucum, onde são produzidas as biojóias, está localizada na Vila Ecológica Céu dos Estorrões, município de Ipixuna, estado do Amazonas. Desde o início da sua fundação em 1996, os comunitários foram incentivados a desenvolver o artesanato como fonte de geração de renda e educação ambiental. Assim, as famílias ribeirinhas, a grande maioria envolvida com a agricultura familiar e extrativismo, poderiam fortalecer a cultura local e suas habilidades artísticas. Diversos moradores apresentaram habilidades artesanais excepcionais e conhecimentos preciosos sobre os materiais florestais que são utilizados na produção de biojóias e utensílios.
Fundada no início dos anos 2000, é um complexo composto por uma casa principal de dois andares com cozinha, uma sala externa de ofícios, uma estrutura com telhado para os bole-boles (equipamento de beneficiamento de sementes), um paiol de secagem de sementes e uma casa para os grupo-geradores, que produzem energia para a comunidade e a Oficina-Escola, respectivamente. Há também uma estrutura com uma fornalha de 4 bocas que acomoda 4 panelas de aço com capacidade de 60 litros cada, onde ocorrem os tingimentos naturais utilizados nas fibras de tucum e sementes artesanais é utilizada.
A Oficina-Escola promove a geração de renda das 20 famílias da comunidade e alguns parceiros que vivem em Ipixuna, sede da associação que representa a comunidade.
No local acontecem capacitações artesanais da comunidade e é onde os saberes são passados dos mais velhos para os jovens. A equipe atual domina a fiação da linha do Tucum, tingimentos naturais, beneficiamentos de sementes e técnicas como tricô, crochê e macramê. É uma escola de artes, com aulas de desenho de observação com várias técnicas, pintura, estudo das cores e outras expressões criativas.
É um ponto de encontro, não somente de trabalho e educação, mas também social, onde são trocadas ideias e a rede comunitária se fortalece. Local fundamental para se visitar dentro da comunidade e faz parte do patrimônio cultural do Céu dos Estorrões.
A Oficina-Escola de Artesanato Linha do Tucum está localizada no Vale do Juruá, na Floresta Amazônica, na Vila Ecológica Céu dos Estorrões, município de Ipixuna, Amazonas. Desde o início, em 1996, Alfredo Gregório de Melo, fundador da Vila, incentivou a capacitação e desenvolvimento do artesanato como fonte de geração de renda e educação ambiental para as famílias ribeirinhas envolvidas com a agricultura familiar e extrativismo.
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